Cardiologia


Cardiologia

Atendimentos especializados na área de cardiologia clínica, diagnóstico e tratamento de patologias cardiológicas, além da realização de Risco Cirúrgico Cardiológico pré-operatório.

Cardiologia é a especialidade médica que se ocupa do diagnóstico e tratamento das doenças que acometem o coração bem como os outros componentes do sistema circulatório.

O médico especialista nessa área é o cardiologista.

Na presença de suspeição de doenças cardiovasculares este profissional deve ser procurado. O cardiologista deve ser procurado em duas cituações:


1- Cardiologia preventiva:

A - Sabendo da alta mortalidade por problemas cardiovasculares e que a incidência tende a aumentar na idade adulta, estes, mesmo que aparentemente saudáveis, deveriam consultar, o cardiologista, para se orientarem, adequadamente, a respeito de seus próprios riscos cardíacos e da diversas possibilidades atuais oferecidas como tratamento preventivo .
Apesar das altas taxas de mortalidade por problemas cardiovasculares, é importante deixar bem claro que a maioria das complicações podem ser evitadas quando o diagnóstico é precoce e o paciente investe na PREVENÇÃO.

B -Antes de iniciar qualquer tipo de atividade física

C -Antes de submeter-se a algum procedimento cirúrgico.


Coracao_Humano

2- Cardiologia Curativa:

Em caso de sintomas cardiológicos o profissional deve ser procurado.
Os sintomas abaixo relacionados são os que aparecem mais freqüentemente nas doenças cardíacas:

- Dor, opressão e desconforto no tórax. A dor precordial típica é opressiva, como se algo estivesse apertando fortemente o precórdio. Muitas vezes ela vem acompanhada de sudorese, palidez, sensação de morte, falta de ar ou dificuldade para respirar.

- Dispneia (falta de ar):É um desconforto respiratório, fazendo com que o paciente aumente a freqüência e a intensidade da respiração. A falta de ar pode ser decorrente tanto de doenças pulmonares quanto cardíacas. Quando é devido a problema cardíaco, geralmente é conseqüente `a incapacidade do coração de bombear adequadamente o sangue, como na, insuficiência cardíaca e valvopatia mitral. Nessas situações , o aumento da pressão no coração, mais especificamente, no átrio esquerdo, transmite essa pressão para os vasos do pulmão e ocorre extravasammento de liquido para o interstício do pulmão. Temos :
Dispnéia de esforço – falta de ar que ocorre conforme o paciente aumenta a atividade física
Dispnéia de decúbito ou Ortopneia - quando o paciente só consegue dormir com a elevação do tronco, usando diversos travesseiros para ficar alto.

- Palpitações: É a percepção desconfortável dos batimentos cardíacos, também relatada como falha ou interrupção dos batimentos, que geralmente corresponde a estrassístoles.

- Síncope: Sincope é a perda da consciência. Quando esse sintoma está relacionado a causas cardíacas, geralmente apresenta início e retorno rápido do nível de consciência.
Sincopes que ocorrem em repouso - podem ser de correntes de taqui ou bradicardias.
Sincopes que ocorrem ao esforço - podem ser decorrentes de isquemia do coração, estenose aórtica ou miocardiopatias importantes.
Síncopes que ocorrem com mudança de posição – aparecem em pacientes que usam medicamentos anti-hipertensivos, diuréticos e betabloqueadores, com também nos pacientes com estenose aórtica e miocardiopatia hipertrófica obstrutiva
Sincopes por estimulo vagal – aquelas que ocorrem com emoções muito fortes, paroxismos de tosse, vestimentas com colarinho apertado, durante micção noturna.

-Tosse: A tosse é a expulsão súbita e ruidosa de ar dos pulmões. É um ato reflexo, decorrente de estímulos irritantes relacionados a determinadas regiões do sistema respiratório. A tosse de origem cardíaca ocorre principalmente aos esforços físicos e apos mudança para decúbito dorsal por aumentar a congestão pulmonar.

-Inchaço: Inchaço (ou Edema) é o acúmulo de liquido nos tecidos.
O edema de origem cardíaca é decorrente da infiltração de liquido no tecido subcutâneo, conseqüente à dificuldade do retorno venoso, ocasionado pela deficiência do coração em impulsionar o sangue de volta. A mesma força que impulsiona o sangue pelas artérias é responsável, em parte pelo seu retorno ao coração. Quando essa bomba está fraca, conseqüentemente, há dificuldade para o retorno sanguíneo.



UM POUCO DA HISTÓRIA DA CARDIOLOGIA:

CardiologiaAs intensas transformações socioeconômicas que a humanidade vivencia desde o final do século XIX, caracterizadas especialmente pela industrialização e pela urbanização das populações, continuam a agir como mola propulsora das modificações dos hábitos de alimentação, da redução do grau de atividade física e do aumento do estresse emocional. Estas mudanças ocorreram simultaneamente ao controle das doenças infecto-contagiosas e as doenças cardiovasculares passaram, portanto, a ser a principal causa de morte no mundo, especialmente no Ocidente. Além disso, o grande progresso tecnológico em geral e da tecnologia da informação, especialmente nos últimos anos, beneficiaram grandemente a especialidade, que hoje se encontra mais preparada para enfrentar os desafios representados pela ampla prevalência destas doenças. Por isso é natural que a especialidade, atualmente, alcance tamanho destaque na medicina e em toda a mídia leiga. Contudo, o interesse pelo funcionamento do coração tem raízes mais antigas. Povos e civilizações procuraram estudar este órgão que sempre despertou a investigação e inspirou mitos.

LINHA DO TEMPO: A história da Cardiologia inicia-se com o interesse em aprofundar os conhecimentos sobre a circulação. No papiro de Smith, atribuído a Imhotep, encontra-se uma descrição do coração e da sua ligação com os vasos sangüíneos – naquele documento chamados de canais –, os quais se distribuíam pelo corpo. Este papiro, com datação estimada em 3000 a.C., já demonstrava também que havia o conhecimento da existência da pulsação. Os chineses, cerca de 2300 anos atrás, também descreveram os fundamentos da anatomia do sistema circulatório e ainda adicionaram à sua investigação o dado de que havia movimento do sangue no interior destes vasos.

Já na Grécia Clássica, os conhecimentos médicos foram significativamente enriquecidos em conseqüência do desenvolvimento de métodos de pesquisa racionais, com destaque especial à observação criteriosa, e das primeiras formas de estruturação do pensamento humano. Assim, Platão já afirmava que o coração era o órgão central da circulação e que o sangue se encontrava em constante movimento. A medicina romana apresentava caráter peculiar, pois recebeu muitas influências gregas, mas admitia também práticas advindas de regiões mais longínquas do Império, principalmente de onde era adotado o latim como língua cotidiana. Contudo, foi um profissional que chegou a ocupar o cargo de médico pessoal do imperador Marco Aurélio o responsável pelo maior desenvolvimento dos conhecimentos sobre anatomia em geral e, também, sobre a anatomia do coração. Trata-se de Cláudio Galeno. Ele angariou a maior parte de seus conhecimentos a partir da prática diária de dissecções em animais, as quais realizava com o objetivo principal de aperfeiçoar sua técnica cirúrgica. Além disso, Galeno era um fiel seguidor da ciência grega e indicava a observação sistemática e rigorosa como a melhor forma para fazer avançar o conhecimento da medicina. Todavia, a contribuição mais conhecida de Galeno foi a de descrever a existência e a fisiologia de três “espíritos” no corpo, sendo o coração a sede do espírito vital, segundo o médico romano. Durante a Idade Média e o início da Idade Moderna quase não houve avanços no conhecimento médico que, durante quase um milênio, mantinha como base os ensinamentos de Hipócrates, Aristóteles e Galeno, além de lançar mão de um vasto arsenal de práticas empíricas e supersticiosas. Foi com o advento da Renascença que avanços científicos voltaram a acontecer, e mais uma vez a medicina foi beneficiada. Não seria possível, nesse contexto, desprezar os conhecimentos trazidos pelos trabalhos de Leonardo da Vinci. Este pontificou em diferentes áreas do conhecimento e trabalhou com sistemática na investigação da anatomia humana. O notável homem das artes e das ciências se dedicou com afinco à realização de dissecções, muitas delas feitas em indivíduos recém-falecidos. Seus esquemas e desenhos trouxeram ao conhecimento da humanidade a existência do endocárdio, do aparato valvar incluindo os músculos papilares e o saco pericárdico. Leonardo da Vinci caracterizou o músculo cardíaco como sendo o mais potente do corpo humano e, por ter examinado cadáveres de pessoas jovens e idosas, fez descrição pioneira da aterosclerose, relatando e desenhando muitas modificações que comprometem os vasos arteriais com o progredir da vida.

As publicações de Andreas Vesalius, que editou De Humani Fabrica Corporis, foram os trabalhos, ainda durante o Renascimento, que mais impulsionaram o conhecimento da anatomia humana. Porém, o pesquisador que realizou a maior contribuição individual no período foi William Harvey. Este médico inglês, nascido em 1578 no condado de Kent, estudou na Universidade de Pádua. Harvey tornou-se médico pessoal dos reis James I e Charles I da Inglaterra. No ano de 1628, publicou seu trabalho fundamental Exercitatio Anatomica De Motu Cordis et Sanguinis in Animalibu (Exercício Anatômico Relacionado ao Coração e à Circulação em Animais), que revolucionou o conhecimento do sistema circulatório corrigindo e superando os ensinamentos de Galeno e outros de seus predecessores.

A partir do século XIX, observam-se avanços na área da propedêutica e o primeiro fato notável a ser citado é a invenção do estetoscópio por René Teophyle Hyacinthe Laennec, médico francês nascido em 1781 que pontificou em diversas áreas, tendo sido o primeiro a tentar associar sinais e sintomas de doenças com achados de necropsia. Laennec, que era também flautista, observou crianças brincando com tubos longos que eram utilizados para transmitir sons para outras crianças e considerou que o mesmo princípio poderia ser utilizado para investigar, de forma mais profunda, os sons dos órgãos do tórax – análise que até sua época era feita pela ausculta direta, isto é, com a coloca- ção da orelha do médico diretamente sobre o tórax do paciente. A primeira aplicação deste novo método foi feita pelo próprio autor para examinar uma mulher jovem, tendo como um dos objetivos evitar o contato direto do médico com a sua paciente, devido ao recato da época. Contudo, Laennec relata que descobriu com “espanto e satisfação” que a percepção auditiva dos sons do tórax era muito mais clara com o auxílio de sua invenção do que era até então e o novo aparelho ganhou o uso amplo que até hoje o caracteriza. Tão grandes foram as suas contribuições para a prática médica que seus trabalhos foram comparados aos de Hipócrates e assim ele passou a ser conhecido como o pai da medicina torácica. Com o início do século XX, a humanidade começou a atravessar o período das mais intensas, rápidas e dramáticas mudanças já observadas ao longo de toda a história. A tecnologia passou a avançar de modo extremamente veloz, influenciando a vida das pessoas, mudando seus hábitos e implicando profundas alterações dos padrões de vida. Testemunhou-se o fenômeno da urbanização que passou a ser de tal modo acentuado que, a partir do ano de 2007, pela primeira vez na história da humanidade, havia mais pessoas vivendo nas cidades do que nos campos. O sistema de saneamento básico, a vacinação, o desenvolvimento dos antibióticos, o melhor tratamento da água distribuída para a população e o controle mais adequado das doenças infecciosas e parasitárias trouxeram inúmeros benefícios para o ser humano, reduzindo a mortalidade infantil e aumentando a expectativa de vida. Todavia, a passagem rápida do ser humano para um hábitat e um padrão de vida que não lhe eram habituais acabou por impor um ônus.

CardiologiaO SÉCULO DOS CIRURGIÕES: Logo no início do século XX, Willem Einthoven introduziu o eletrocardiograma, método propedêutico que revolucionou o exame do coração e que ocupa, até hoje, papel de destaque na linha de frente da avaliação cardiológica. Ele iniciou com o uso clínico do galvanômetro de fita e foi capaz de estabelecer o padrão de diferentes arritmias, além da associação da inversão da onda T com a angina e a aterosclerose, publicados em 1910. Einthoven foi agraciado com o Prêmio Nobel em virtude de sua importante contribuição para a saúde das pessoas. Em 1912, James B. Herrick, iniciando a fase das enormes contribuições norte-americanas para o progresso da Cardiologia, fez importantes observações para o estudo da anemia falciforme. No campo das doenças cardíacas, contudo, sua contribuição mais importante foi a de associar a aterosclerose com a presença de locais de necrose miocárdica e sua elaboração de uma teoria para explicar o mecanismo do infarto do miocárdio. Herrick foi um grande incentivador do uso do recém-inventado eletrocardiograma para estudar os fenômenos ligados ao infarto do miocárdio. Sociedades americanas ligadas à Cardiologia mantêm até hoje premiações e palestra com o nome deste importante médico, reconhecendo desta forma o vulto de suas contribuições. No século XX, que também já foi chamado de o “século dos cirurgiões”, fizeram-se muitos progressos também nesta área, tais como a realização da primeira cirurgia cardíaca pelo americano Robert E. Gross e a criação de próteses sintéticas para a substituição da valva aórtica por Charles Hufnagel. A primeira cirurgia cardíaca a céu aberto foi feita por F. John Lewis que, em 1953, realizou o primeiro fechamento de uma comunicação interatrial com sucesso, numa criança de 5 anos de idade, empregando o método de hipotermia profunda que Wilfred Bigelow havia desenvolvido em animais em 1949. O desenvolvimento da máquina coração-pulmão por John H. Gibbon permitiu que ele e seu grupo realizassem, mais uma vez, o fechamento de uma comunicação interatrial, um feito celebrado por todos os cirurgiões cardíacos. Walton Lillehei iniciou a era da operação sob visão direta para tratar uma anormalidade da valva mitral, prática que logo ganhou ampla aceitação. As técnicas cirúrgicas de tratamento da doença coronária têm seus princípios no trabalho de dois pioneiros. Claude Beck, que em 1939 sugeriu que um segmento do músculo peitoral aplicado sobre o coração pudesse aprimorar a oferta de sangue para o miocárdio isquêmico. E Arthur Vinenberg, que em 1946 realizou o implante direto da artéria torácica interna numa região do miocárdio comprometida pela redução do fluxo de sangue, procedimento que ganhou ampla aceitação, tendo sido feita em mais de 5 mil casos. Mais tarde, Vasilii Kolessov e Robert Goetz realizaram anastomoses da artéria mamária interna com a artéria descendente anterior, o primeiro fazendo a ligação entre os vasos por meio de suturas tradicionais e o segundo por meio de um anel metálico especialmente desenhado para este fim. René Favaloro descreveu a técnica da revascularização cirúrgica com ponte de veia safena para tratar uma obstrução na artéria coronária direita e Dudley Johnson ampliou o uso desta técnica também para o território da artéria coronária esquerda. Hoje este tipo de cirurgia transformou-se numa das mais utilizadas modalidades de tratamento para a cardiopatia isquêmica.

CardiologiaCATETERISMO: Outra técnica importante que ganhou amplo uso no século passado foi a do cateterismo cardíaco. A despeito do trabalho pioneiro de Hales, mencionado anteriormente, foi apenas em 1929 que o cateterismo das câmaras cardíacas foi realizado em seres humanos vivos por Werner Forssman. Este pesquisador implantou uma sonda de vias urinárias em sua própria veia braquial e se dirigiu até o departamento de radiologia onde documentou o posicionamento do cateter no seu átrio direito. Por este feito, ele recebeu o Prêmio Nobel em 1956 em conjunto utilizaram cateteres para medir o débito cardíaco de seres humanos vivos. Mason Sones, um cardiologista pediátrico, logrou opacificar as artérias coronárias in vivo, utilizando contraste iodado. Paralelamente, Charles Dotter, em 1964, obteve sucesso no tratamento percutâneo de artérias obstruídas por ateromatose, nos membros inferiores. Baseado no trabalho destes pioneiros, Andréas Gruentzig, um angiologista suíço, levou a técnica de tratamento percutâneo até as artérias coronárias e apresentou no congresso do American Heart de 1976 o relato de seus primeiros casos em animais. Esta técnica foi aplicada pela primeira vez, com sucesso, em um ser humano vivo em setembro de 1977. Esta forma de tratamento revolucionou a abordagem da insuficiência coronária e logo ganhou enorme aceitação.".


Extraído de:"SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA