Blog do Dr. Paulo César

  • Nov

    15

    2016
  • Autor: Sociedade Brasileira
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  • Autor: Sociedade Brasileira
  • Data: 15-11-2016

Atividade física no Diabetes tipo 1 e 2

Atividade física (qualquer movimento corporal produzido por ação muscular que aumenta o gasto energético) é necessária para sobrevivência e saúde. Porém, dados epidemiológicos revelam que a maioria dos indivíduos não realiza nível de atividade física desejável para promover saúde (1). Comportamento sedentário favorece o acúmulo de gordura corporal, associando-se, portanto, a várias doenças crônicas como o DM2 e outros componentes da síndrome metabólica (SM) (figura 1), que elevam a mortalidade especialmente cardiovascular.

Entende-se por exercício qualquer atividade física planejada e estruturada que gera respostas agudas e crônicas no organismo, requerendo adaptações funcionais e morfológicas. O exercício aeróbio consiste de movimentos contínuos, repetidos e rítmicos de grandes grupos musculares por no mínimo 10 minutos. São exemplos caminhada, corrida, natação e ciclismo; quando praticados na intensidade, frequência e período de treinamento adequados ocorre melhora do condicionamento físico. O treinamento de força – também conhecido como anaeróbio – usa a força muscular para mover um peso contra resistência. São exemplos os exercícios com halteres ou aparelhos de musculação. Se bem planejado e realizado regularmente aumenta o condicionamento muscular generalizado. Para otimizar os efeitos do exercício em longo prazo o ideal é que se submeta a um programa combinado de exercícios aeróbios e de força, que trazem benefícios complementares.

IMPORTÂNCIA E ORIENTAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NO DM1
Qualquer atividade física associa-se a gasto energético, uma vez que a musculatura esquelética utiliza combustível para sua contração. No repouso, a principal fonte de energia resulta da oxidação dos ácidos graxos livres. No início do exercício, os carboidratos assumem maior importância como fontes eficazes de produção energética. A contribuição percentual dos carboidratos como fonte primária de energia para contração muscular se eleva à medida que aumenta a intensidade do exercício. No entanto, em exercícios de longa duração os ácidos graxos livres passam a ser o substrato energético preferencial (2).

O principal mecanismo responsável pela captação de glicose pelas células depende da ligação da insulina ao seu receptor, desencadeando uma cascata de reações intracelulares que culminam com a translocação de GLUT para a superfície celular. Os GLUT-4 são os principais responsáveis pela captação da glicose circulante na maioria dos tecidos em humanos. É sabido que atividade física induz aumento da captação de glicose, mas que os mecanismos responsáveis por este benefício não dependem principalmente da via da PI3-kinase da sinalização insulínica. Além disso, a prática regular de atividade física traz efeitos benéficos não apenas ao metabolismo glicídico, mas também lipídico, favorecendo a redução da glicemia e aumento das concentrações de HDL-c.
IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO NO DM2
É de longa data a constatação de que a inatividade física associa-se a risco cardiovascular, em parte por contribuir para aumentar a adiposidade corporal. Mais recentemente, dados da União Europeia sugerem que a redução do gasto energético especialmente no lazer pode ser o maior determinante da atual epidemia de obesidade (16).

O impacto deletério do sedentarismo no risco cardiovascular foi sedimentado por estudos epidemiológicos conduzidos em Framingham no século passado (17,18). Outras coortes mostraram que indivíduos mais ativos, independente do índice de massa corporal (IMC) no início do período de seguimento, tiveram menores incidências de DM, enquanto os inativos apresentaram maior morbimortalidade cardiovascular (19). Mais recentemente, verificou-se que baixos níveis de atividade física e de condicionamento cardiorrespiratório são preditivos do conjunto de manifestações da SM (20, 21).

Apesar do reconhecido papel protetor da atividade física para diversas doenças, em especial as metabólicas e cardiovasculares, não raramente indivíduos deixam de ter tais benefícios por entender que só seriam obtidos por meio de exercícios programados, como aqueles oferecidos em clubes ou academias de ginástica. Atividades físicas não programadas rotineiras – como andar e subir escadas – podem trazer grandes benefícios à saúde, particularmente daqueles portadores de SM. O Surgeon General's Report on Physical Activity and Health (22) recomenda que indivíduos acumulem 30 minutos de atividade física moderada na maior parte dos dias da semana. Recentemente, foram comparados os efeitos de treinamento intervalado de alta intensidade em indivíduos com excesso de peso com exercícios aeróbios contínuos (23). Verificou-se que apenas o treinamento aeróbio contínuo conferiu redução da gordura troncular.